(UEL-2003)
A questão refere-se ao texto que
segue.
Canção do exílio
“Minha terra tem
palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui
gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais
estrelas,
Nossas várzeas têm
mais flores,
Nossos bosques têm
mais vida,
Nossa vida mais
amores.
Em cismar, sozinho, à
noite,
Mais prazer encontro
eu lá;
Minha terra tem
palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem
primores,
Que tais não encontro
eu cá;
Em cismar – sozinho, à
noite –
Mais prazer encontro
eu lá;
Minha terra tem
palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que
eu morra,
Sem que eu volte para
lá;
Sem que desfrute os
primores
Que não encontro por
cá;
Sem qu'inda aviste as
palmeiras,
Onde canta o Sabiá.”
(DIAS, Gonçalves.
Poesia. 9. ed. Rio de Janeiro: Agir, 1979. p. 11.)
Sobre o poema, escrito
em Coimbra, Portugal, é correto afirmar:
a) O poema
retrata o sofrimento do eu-lírico em função da distância da mulher amada. O
termo "Sabiá", recorrente nos
versos,
refere-se figurativamente ao amor feminino. (O sofrimento é em função da distância do país amado. O sabiá representa
a fauna do país a que se refere.)
b) A
utilização dos termos “cá” e “lá” atém-se principalmente à necessidade de criar
rimas, mais do que ao desejo do poeta
de
estabelecer o contraste entre espaços distintos. (O poeta rimou também “cá” com “sabiá”, então nesse caso ele preocupa-se
antes com o contraste entre espaços que com a rima.)
c) Para o
eu-lírico, estar exilado não significa necessariamente estar longe da terra,
mas das suas referências de infância,
fator que
acentua a expressão saudosista do poema. (Ele não se refere em nenhum momento à infância.)
d) Nesse
poema, é possível reconhecer uma dialética amorosa trabalhada entre o desejo
sexual pela mulher e sua
idealização.
O desejo se configura pelo verso "Mais prazer encontro eu lá" e a
idealização, pelos versos "Não permita
Deus que eu
morra/ Sem que eu volte para lá". (Como foi visto, em nenhum momento ele se refere à alguma mulher.
“Prazer” não está no sentido sexual, o poeta se refere ao prazer de contemplar
a natureza.)
e) A
ênfase na exuberância da paisagem é estruturada a partir do jogo de contrastes
entre a natureza tropical e a natureza
européia.
Os versos da segunda estrofe reiteram a grandiosidade paisagística brasileira,
além de enfatizarem a
identidade
do eu-lírico. (O poeta apresenta
os dois ambientes e sua opinião sobre eles, mostrando assim sua preferência.)
(UEL-2003) A questão refere-se
ao texto abaixo.
“Os rios que correm
aqui
têm a água vitalícia.
Cacimbas por todo
lado;
Cavando o chão, água
mina.
Vejo agora que é
verdade
O que pensei ser
mentira
Quem sabe se nesta
terra
Não plantarei minha
sina?
Não tenho medo de
terra
(cavei pedra toda a
vida),
e para quem buscou a
braço
contra a piçarra da
Caatinga
será fácil amansar
esta aqui, tão
feminina”
(MELO NETO, João
Cabral de. Morte e vida Severina e outros poemas para vozes. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 1994. p. 41.)
Em relação ao trecho
acima, de Morte e Vida Severina, considere as afirmativas.
I. Esses versos
referem-se ao momento em
que Severino chega à zona da mata e encontra a terra mais
macia. Isso
nos é revelado num
estilo suave e melodioso, em que a sonoridade das palavras expressa o
entusiasmo do
retirante. (Não se
trata de um estilo suave, e sabemos do entusiasmo do retirante apenas por
comparar os dois lugares por onde passou.)
II. “Rios”,
“cacimbas”, “água vitalícia” e “água mina” são expressões que remetem a um
pensamento positivo
sobre a região por
onde passa o retirante Severino. Isso mostra a sua alegria por ter encontrado
um lugar onde
ele viverá com toda a
sua família até a morte. (Esse trecho não fala em nenhum momento sobre “viver
com toda a sua família”.)
III. Nesse trecho
Severino encontra o que procura: água e, conseqüentemente, vida. Isso está
retratado nos versos
“Não tenho medo de
terra/ (cavei pedra toda a vida)”. (Ele não fala que procurava água.)
IV. A expressão “tão
feminina” do último verso é uma metáfora de terra macia, fácil de trabalhar, e
se opõe à
expressão “piçarra da
Caatinga”, que significa terra dura, pedregosa. (A palavra “feminina” remete a
algo suave, delicado, que é a terra que Severino encontrou comparada à
Caatinga.)
V. Os versos “Os rios
que correm aqui/ têm a água vitalícia” significam que os rios nunca morrem.
Essa
constatação refere-se
à região da Caatinga, onde Severino vive sua saga. (Isso mostra a continuidade
de rios que Severino encontrou, o que não era comum pra ele.)
Assinale a alternativa
correta.
a) Apenas as
afirmativas I, III e V são corretas.
b) Apenas as
afirmativas I e IV são corretas.
c) Apenas as
afirmativas I, II e V são corretas.
d) Apenas as
afirmativas I, II e IV são corretas.
e)
Apenas as afirmativas IV e V são corretas.
(UEL-2007) As questões
de 10 a
12 referem-se ao texto abaixo.
João Grilo: Ah isso é
comigo. Vou fazer um
chamado especial, em verso. Garanto que
ela vem,
querem ver?
(Recitando.)
Valha-me Nossa
Senhora, Mãe de Deus de
Nazaré! A vaca mansa
dá leite, a braba dá quando
quer. A mansa dá
sossegada, a braba levanta o pé.
Já fui barco, fui
navio, mas hoje sou escaler. Já fui
menino, fui homem, só
me falta ser mulher.
Encourado: Vá vendo a
falta de respeito, viu?
João Grilo: Falta de
respeito nada, rapaz! Isso é o
versinho de Canário
Pardo que minha mãe cantava
para eu dormir. Isso
tem nada de falta de respeito!
Já fui barco, fui
navio, mas hoje sou escaler. Já fui
menino, fui homem, só
me falta ser mulher. Valhame
Nossa Senhora, Mãe de
Deus de Nazaré.
Cena igual à da
aparição de Nosso Senhor, e
Nossa Senhora, A
compadecida, entra.
Encourado, com raiva
surda: Lá vem a
compadecida! Mulher em
tudo se mete!
João Grilo: Falta de
respeito foi isso agora, viu? A
senhora se zangou com
o verso que eu recitei?
A Compadecida: Não,
João, porque eu iria me
zangar? Aquele é o
versinho que Canário Pardo
escreveu para mim e
que eu agradeço. Não deixa
de ser uma oração, uma
invocação. Tem umas
graças, mas isso até a
torna alegre e foi coisa de
que eu sempre gostei.
Quem gosta de tristeza é o
diabo.
João Grilo: É porque
esse camarada aí, tudo o
que se diz ele enrasca
a gente, dizendo que é falta
de respeito.
A Compadecida: É
máscara dele, João. Como
todo fariseu, o diabo
é muito apegado às formas
exteriores. É um
fariseu consumado.
Encourado: Protesto.
Manuel: Eu já sei que
você protesta, mas não
tenho o que fazer, meu
velho. Discordar de minha
mãe é que eu não vou.
(...)
Fonte: Auto da
Compadecida. 15 ed. Rio de Janeiro: Agir, 1979.
10- A obra “Auto da
Compadecida” foi escrita para
o teatro:
a) Por João
Cabral de Mello Neto e aborda temas
recorrentes
do Nordeste brasileiro. (Esse foi
o autor “Morte e Vida Severina”).
b) E seu
autor, Ariano Suassuna, aborda o tema
da seca que
sempre marcou o Nordeste. (Foi
esse o autor, porém não foi esse o tema).
c) Pelos
autores do ciclo armorial, abordando
temas
religiosos e costumes populares.
(Foi escrito apenas por Ariano Suassuna, que foi um dos fundadores do ciclo
armorial, onde tratava da cultura nordestina).
d) Por
Ariano Suassuna, tendo como base
romances
e histórias populares do Nordeste
brasileiro.
(Justamente por pertencer ao ciclo
armorial, com uma junção de histórias e versos populares).
e) Por João
Cabral de Mello Neto e aborda temas
religiosos
divulgados pela literatura de cordel. (Não é esse o autor nem esse o tema central).
11- Ao humanizar
personagens como Manuel e a
Compadecida, o autor
pretende:
a) Denunciar
o lado negativo do clero, na religião
católica. (O lado negativo do clero aparece na figura do
padre e seu superior, porém, Manuel e a Compadecida são vistos positivamente).
b) Exaltar o
sentimento da justiça divina ao
contemplar
os simples de coração. (Não
contempla apenas os simples de coração, mas também os que passaram por problemas
como a miséria).
c)
Mostrar um sentimento religioso simples e
humanizado,
mais próximo do povo. (Justamente
por isso há esse diálogo de igual pra igual).
d) Retratar
o sentimento religioso do povo
nordestino,
numa visão iconoclasta. (Em nenhum
momento aparece a visão iconoclasta).
e) Fazer
caricatura com as figuras de Cristo e de
Nossa
Senhora. (Não se trata de uma
caricatura pelo fato de serem representados da mesma maneira como os
imaginamos).
12- Com base no texto
e nos seus conhecimentos
sobre a obra, as
personagens João Grilo e
Chicó identificam-se
com:
a) Os bobos
da corte da Idade Média. (Eles não
fazem coisas engraçadas de propósito ou com o intuito de fazer alguém rir).
b) Os
palhaços dos circos populares.
(Idem).
c) As
figuras de arlequim e pierrô da tradição
romântica
universal. (Esses são personagens
da Commedia dell'arte, que novamente encenam cenas cômicas propositalmente).
d) Tipos
humanos autenticamente brasileiros. (Retratando
a ingenuidade dos pobres, e essa ingenuidade os faz serem engraçados).
e) Figuras
lendárias da literatura popular
nordestina,
semelhantes a Lampião e Padre
Cícero. (Lampião e Padre Cícero são figuras
revolucionárias, diferentes de Chicó e João Grilo).
(UEL-2009) Texto I
– Eu vinha vindo para
cá. Eu vinha vindo meio tonta, como sempre fico, assim meio tonta, quando durmo
tanto.
E nem durmo, é mais
uma coisa que parece. Foi numa dessas barraquinhas de frutas que eu vi. Eu
vinha de
cabeça baixa, mas.
Umas ameixas tão vermelhas. Eu vinha pensando numa porção de coisas quando.
– Que coisas?
– Que coisas o quê?
– As que você vinha
pensando.
Ela acende outro
cigarro. Do lado certo.
– Sei lá, que eu ando.
Muito triste, ou. Uma merda, tudo isso. Mas não importa, por favor. Não me
interrompa
agora. Tem uma coisa
dentro de mim que continua dormindo quando eu acordo, muito longe. Faz tempo
isso.
– Traga fundo. E
solta, quase sem respirar. – Foi então que eu vi aquelas ameixas e achei tão
bonitas e tão
vermelhas que pedi um
quilo e era minha última grana certo e daí eu pensei assim se comprar essas
ameixas
agora vou ter que
voltar a pé para casa mas que importa volto a pé mesmo pode ser até que acorde
um pouco
e então eu vinha
comendo devagarinho as ameixas eu não conseguia parar de comer já tinha comigo
umas
seis quando dobrei a
esquina aqui da rua ia saindo um caixão de defunto do sobrado amarelo acho que
era um
caixão cheio quer
dizer com um defunto dentro porque ia saindo e não entrando certo e foi bem na
hora que
eu dobrei não deu
tempo de parar nem de desviar daí então eu tropecei no caixão e as ameixas
todas caíram
na calçada e foi aí
que eu reparei naquelas pessoas de preto óculos escuros e lenços no nariz e uma
porrada
de coroas de flores
devia ser um defunto muito rico e aquele carro fúnebre parado e só aí eu
entendi que era
um velório. Quer
dizer, um enterro. O velório é antes, certo?
– É – confirmo. – O
velório é antes.
(ABREU, C. F. Pêra,
uva ou maçã?. In: . Morangos mofados. 4 ed. São Paulo: Brasiliense, 1983. p.
99-100.)
Sobre a escassez de
vírgulas no registro da fala da personagem feminina nesse trecho do conto, é
correto
afirmar.
a) Marca a
alternância de vozes das duas personagens. (Essa parte sem vírgulas é só na fala de uma personagem).
b)
Caracteriza um devaneio próprio do estado de sono dessa personagem. (O estado de sono seria motivo pra se utilizar
vírgulas).
c) Traduz a
preocupação da personagem feminina com a correção da linguagem. (Em nenhum momento ela se preocupa com a
linguagem).
d) Denota irritação
da moça quanto à impaciência de seu interlocutor. (Ela não está irritada, e o interlocutor não está impaciente, somente
curioso pra saber do fato).
e)
Registra a fragmentação típica do fluxo de consciência. (E as vírgulas são escassas justamente por ser
um fragmente fiel ao que ocorre na consciência humana, quando tenta retomar uma
situação vivida).
(UEM-2006) Sobre o conto “Um
especialista”, de Lima Barreto, é
correto afirmar que
A) conta a história de
uma jovem que vem para o
Rio de Janeiro à procura
de seu pai; não o
encontrando, cai na
prostituição. O texto é um
alerta às mocinhas
sonhadoras, para que não
abandonem o
lar. (Essa jovem não está à
procura de seu pai e nem tinha lar, porque era órfã há anos).
B) é narrado de forma
retrospectiva, ou seja,
primeiro, o leitor vê a
cena final do conto;
depois, o tempo volta e
o leitor fica sabendo,
passo a passo, o que
causou a tragédia descrita
nos
primeiros parágrafos. (Não se
trata de algo retrospectivo, a parte “trágica” é apenas apresentada no final).
C) traz quatro
personagens importantes: o narrador,
que se torna amante da
moça; o comendador, que
a cobiça, mas não
consegue persuadi-la a tornarse
amante dele; a mulata,
que tem ciúmes da
jovem; a protagonista,
loura e frágil, que vem a
morrer de
tuberculose. (Nesse caso, narrador
não é personagem por narrar em terceira pessoa. O resto dessa afirmativa não
coincide com o texto).
D) o trecho em que
a moça lembra a história de sua
mãe, que havia sido
seduzida por um português e
depois abandonada
por ele, é fundamental para a
trama. Apesar de a
mãe já haver morrido quando
a moça veio para o
Rio, a narrativa dessa história
é que
conduzirá a trama ao desfecho. (Realmente,
o que dá sentido à história é esse trecho).
E) apresenta teorias
racistas, absurdas para o leitor
contemporâneo, mas
perfeitamente aceitáveis
para o leitor do início
do século XX; Lima
Barreto aceitava o
racismo, que considerava uma
herança histórica da
qual o Brasil não devia abrir
mão, sob
pena de desfigurar a cultura nacional. (Em nenhum momento apresenta teorias racistas).
(UFOP) A respeito de
Eu, de Augusto dos Anjos, é correto dizer que:
(A) sendo
uma obra eminentemente barroca, representa com perfeição as dualidades
céu/terra, pecado/graça, treva/luz.
(Não existe dualidade em Augusto dos Anjos. Ele não fala em coisas como “graça”
e “luz”, além de não pertencer à escola Barroca)
(B) sendo
uma obra eminentemente romântica, apresenta um subjetivismo exacerbado, que
extrapola todos os limites.
(Também não há subjetivismo. Ele é objetivo, tanto que sempre utiliza termos
científicos, além de não pertencer ao Romantismo)
(C) sendo
uma obra eminentemente parnasiana, prima pela perfeição formal, desprezando
quaisquer outras preocupações. (Apesar
de manter a perfeição formal, com rimas raras e métrica, ele pende para o simbolismo,
e com termos científicos relata suas angústias e pensamentos, não podendo
classificar-se como Parnasiano)
(D) sendo
uma obra eminentemente simbolista, usa e abusa dos meios tons que tanto
caracterizam essa poesia nefelibata.
(Não se pode afirmar que é “eminentemente simbolista”, uma vez que usa
terminologia científica e o tom preponderante é mórbido)
(E)
sendo uma obra de difícil classificação, reserva, mesmo assim, um lugar de
destaque na poesia brasileira como um caso à parte. (Realmente é difícil classificar essa obra, mas
isso não impede seu destaque e sua grande utilização no meio acadêmico.)
(UFPR) Leia o
fragmento a seguir, extraído do conto "A mão no ombro" (in:
"Seminário dos ratos", de Lygia Fagundes Telles):
"O homem
estranhou aquele céu verde com a lua de cera coroada por um fino galho de
árvore, as folhas se desenhando nas minúcias sobre o fundo opaco. Era uma lua
ou um sol apagado? Difícil saber se estava anoitecendo ou se já era manhã no
jardim que tinha a luminosidade fosca de uma antiga moeda de cobre. Estranhou o
úmido perfume de ervas. E o silêncio cristalizado como num quadro, com um homem
(ele próprio) fazendo parte do cenário. Foi andando pela alameda atapetada de
folhas cor de brasa, mas não era outono."
Assinale a alternativa
correta.
a) Assim
como em livros publicados nos anos 70 por Dalton Trevisan e Clarice Lispector,
os elementos fantásticos dos contos de "Seminário dos ratos" são
resultado de uma estratégia para driblar a vigilância da censura no período da
ditadura militar. (Os elementos
fantásticos da obra de Lygia são, na verdade, características da autora, e não
estratégia para driblar a vigilância)
b) A
presença de um estranho jardim aproxima "A mão no ombro" do conto
"Herbarium", narrativa em que as plantas igualmente colaboram para a
composição de um cenário denso, pouco objetivo. (Na obra, esse jardim é mais subjetivo que objetivo, pela maneira em que
é narrado.)
c) A
atmosfera de mistério relaciona-se com a psicologia da personagem que - assim
como diversos protagonistas de "Seminário dos ratos" - é um ser
humano isolado do convívio social.
(O trecho não relata que o personagem é isolado do convívio social. Ele apenas
está sozinho naquele momento, e o mistério dá mais riqueza à obra.)
d) A
variedade de detalhes e nuanças do trecho apresentado resultam numa exatidão
descritiva típica de uma descrição realista. (Não se trata de algo realista, já que toda a cena é muito mais
sugerida que descrita)
e) A
dificuldade do personagem para identificar o astro luminoso - lua ou sol -
justifica-se pelo predomínio dos cenários urbanos na ficção de Lygia Fagundes
Telles. (No trecho o personagem
não tem dificuldade em identificar a lua. Ele apenas estranha a aparência com
que ela se encontra.)
(MACKENZIE) O tom
pessimista apresentado por Camões no epílogo de "Os Lusíadas" aparece
em outro momento do poema. Isso acontece no episódio:
a) do
Gigante Adamastor. (Relata com
simbolismo a superação pelos portugueses do medo do “Mar Tenebroso”.)
b) do
Velho do Restelo. (O Velho do
Restelo é um ancião que é pessimista ao se opor à viagem expansionista.)
c) de Inês
de Castro. (É um trecho narrado de maneira romântica e
dramática, deixando o contexto político em segundo plano.)
d) dos Doze
de Inglaterra. (Episódio de
caráter cavalheiresco narrado por Fernão Veloso, onde doze cavalheiros defendem
doze damas.)
e) do
Concílio dos Deuses. (Episódio em
que os deuses decidem se a viagem dos lusitanos deve ou não seguir.)
(UFJF) A respeito do
romance Agosto, de Rubem Fonseca, É POSSÍVEL afirmar que ele:
(A) narra
uma história policial, sem mencionar um conflito ou cenário político. (O cenário político já é apresentado no início
da narrativa.)
(B) descreve
o Rio de Janeiro, depois da morte do presidente Getúlio Vargas. (descreve-se o mês que antecedeu a morte de
Vargas e seu contexto político)
(C) relata a
decadência política e social do Brasil, após o crime da rua Toneleros. (A decadência não seria necessariamente
social, mas sim da ruína política em torno de Vargas.)
(D) defende
a idéia de que a solução para os conflitos sociais só depende do povo. (Em nenhum momento essa ideia é levantada.)
(E)
apresenta um cenário de violência, corrupção e disputa de poder, no Brasil. (Esses fatos estão presentes durante toda a
narrativa.)
Leia o fragmento de
texto a seguir e faça o que se pede:
Esprema a vil calúnia
muito embora
Entre as mãos
denegridas, e insolentes,
Os venenos das
plantas,
E das bravas
serpentes.
Chovam raios e raios,
no seu rosto
Não hás de ver,
Marília, o medo escrito:
O medo perturbador,
Que infunde o vil
delito.
[...]
Eu tenho um coração
maior que o mundo.
Tu, formosa Marília,
bem o sabes:
Eu tenho um coração
maior que o mundo.
Tu, formosa Marília,
bem o sabes:
Um coração...e basta,
Onde tu mesma cabes.
(TAG, MD, Parte II,
Lira II)
(UFV) Sobre o
fragmento de texto de Tomás Antônio Gonzaga, Marília de Dirceu, assinale a
alternativa FALSA:
a) a
interferência do mito na tessitura dos poemas, mantendo o poeta dentro dos
padrões poéticos clássicos, impede-o de abordar problemas pessoais. (Os padrões poéticos clássicos jamais impedem a
abordagem de problemas sociais. Muitas vezes esses problemas são apresentados
de uma maneira poética, mítica, e cabe ao leitor compreendê-los.)
b) a
interpelação feita a Marília muitas vezes é pretexto para o poeta celebrar sua
inocência e seu destemor diante das acusações feitas contra ele. (O poeta celebra Marília em toda a obra, e no
trecho acima ele deixa claro que não teme as calúnias feitas a ele.)
c) a
revelação sincera de si próprio e a confissão do padecimento que o inquieta
levam o poeta a romper com o decálogo arcádico, prenunciando a poética
romântica. (Já se nota a
subjetividade, característica típica do Romantismo, na visão do poeta para
Marília)
d) a
desesperança, o abatimento e a solidão, presentes nas liras escritas depois da
prisão do autor, revelam contraste com as primeiras, concentradas na conquista
galante da mulher amada. (O autor
acaba retratando a mudança sentimental que sofreu após a prisão.)
e) embora
tenha a estrutura de um diálogo, o texto é um monólogo - só Gonzaga fala e
raciocina. (Em nenhum momento é
apresentada a resposta de Marília aos galanteios de Dirceu.)
(MACKENZIE) Afirma-se
que o mais antigo texto poético de que se tem conhecimento, em língua
portuguesa, é a "Cantiga da Ribeirinha", marco inicial do
Trovadorismo em Portugal.
Para chegar até
Fernando Pessoa, a poesia portuguesa evoluiu muito, por meio de vários autores.
Assinale a alternativa
em que aparecem, na ordem cronológica, três poetas portugueses que se encaixam
entre os dois pontos acima citados.
a)
Camões - Bocage - Antero de Quental (A
“Cantiga da Ribeirinha” foi escrita em 1198, por Paio Soares de Taveirós. Luís
de Camões entra com “Os Lusíadas”, publicado em 1572. Bocage teve suas obras
conhecidas por volta de 1783, e Antero de Quental em 1861.)
b) Fernão
Lopes - Gil Vicente - Almada Negreiros
c) D. Dinis
- Mário de Sá-Caneiro - Camilo Pessanha
d) Antero de
Quental - Gil Vicente - Fernão Lopes
e) Bocage -
Gil Vicente – Camões
(UFU) "Foi num
certo amanhecer de Outubro... Que grande dia, esse! Ao cabo de um sono
profundo, acordara cedo, ainda mal se adivinhava a alvorada pelo buraco da
fechadura. Um silêncio de comunhão. O cheiro forte do mosto que fervia na
adega, adocicado, entrava pelo corpo dentro e punha-o a sonhar volúpias. E, no
meio da mudez das coisas e daquele perfume de levedação, começou a sentir uma
tal ânsia de abrir o peito e cantar, que até cuidou que tinha febre e delirava.
Mas não. Felizmente, estava bem de saúde."
(Miguel Torga,
"Bichos")
Tendo em vista esse
texto, assinale a alternativa INCORRETA.
a) O conto
aqui referido mostra que um animal, tal como o homem, cumpre um determinado
papel na vida até que venha outro mais novo para substituí-lo. (O filho de Tenório o substitui, assim como
ele substituiu outro galo.)
b) O trecho
citado refere-se a Tenório, o galo, personagem principal do conto
"Tenório". (Trecho que
antecede o primeiro dia de Tenório como um “galo de verdade”.)
c) O conto
aqui referido mostra que o microcosmo dos animais simboliza o macrocosmo da
vida social humana com seus desafios e competições. (Inclusive até os sentimentos dos animais são
descritos.)
d) O
trecho citado refere-se a Cega-rega, a cigarra, personagem principal do conto
"Cega-rega". (Conto
encontrado no mesmo livro que retrata o ciclo de vida de uma cigarra.)
(UFBA) A
cachorra Baleia estava para morrer. Tinha emagrecido, o pêlo caíra-lhe em
vários pontos, as costelas avultavam num fundo róseo, onde manchas escuras
supuravam e sangravam, cobertas de moscas. As chagas da boca e a inchação dos
beiços dificultavam-lhe a comida e a bebida.
Por isso Fabiano imaginara que ela estivesse com um princípio de hidrofobia e amarrara-lhe no pescoço um rosário de sabugos de milho queimados. Mas Baleia, sempre de mal a pior, roçava-se nas estacas do curral ou metia-se no mato, impaciente, enxotava os mosquitos sacudindo as orelhas murchas, agitando a cauda pelada e curta, grossa na base, cheia de moscas, semelhante a uma cauda de cascavel.Então Fabiano resolveu matá-la.
Por isso Fabiano imaginara que ela estivesse com um princípio de hidrofobia e amarrara-lhe no pescoço um rosário de sabugos de milho queimados. Mas Baleia, sempre de mal a pior, roçava-se nas estacas do curral ou metia-se no mato, impaciente, enxotava os mosquitos sacudindo as orelhas murchas, agitando a cauda pelada e curta, grossa na base, cheia de moscas, semelhante a uma cauda de cascavel.Então Fabiano resolveu matá-la.
Sinha
Vitória fechou-se na camarinha, rebocando os meninos assustados, que
adivinhavam desgraça e não se cansavam de repetir a mesma pergunta: — Vão bulir
com a Baleia?[...]
Ela era como uma pessoa da família: brincavam juntos os três, para bem dizer não se diferençavam, rebolavam na areia do rio e no estrume fofo que ia subindo, ameaçava cobrir o chiqueiro das cabras.
Quiseram mexer na taramela e abrir a porta, mas sinha Vitória levou-os para a cama de varas, deitou-os e esforçou-se por tapar-lhes os ouvidos: prendeu a cabeça do mais velho entre as coxas e espalmou as mãos nas orelhas do segundo. Como os pequenos resistissem, aperreou-se e tratou de subjugá-los,resmungando com energia.Ela também tinha o coração pesado, mas resignava-se: naturalmente a decisão de Fabiano era necessária e justa. Pobre da Baleia.[...Na luta que travou para segurar de novo o filho rebelde, zangou-se de verdade.
Safadinho. Atirou um cocorote ao crânio enrolado na coberta vermelha e na saia de ramagens.
Pouco a pouco a cólera diminuiu, e sinha Vitória, embalando as crianças, enjoou-se da cadela achacada, gargarejou muxoxos e nomes feios. Bicho nojento, babão.
Inconveniência deixar cachorro doido solto em casa. Mas compreendia que estava sendo severa demais, achava difícil Baleia endoidecer e lamentava que o marido não houvesse esperado mais um dia para ver se realmente a execução era indispensável.
RAMOS, Graciliano. Vidas secas. 74. ed. Rio de Janeiro: Record, 1998. p. 85-86.
Sobre o fragmento, contextualizado na obra, é correto afirmar:
(01) O primeiro e o segundo parágrafos contêm argumentos que justificam a decisão a ser tomada em relação a Baleia.
(02) Fabiano demonstra cuidados com Baleia, apesar de ser o seu algoz.
(04) O comportamento de sinha Vitória caracteriza-a como a mãe protetora, zelosa do bem-estar de seus filhos.
(08) O poder de decisão do chefe de família no ambiente rural fica evidente no texto.
(16) Sinha Vitória, ao aceitar passivamente a decisão do marido no que se refere a Baleia, demonstra ser indiferente ao animal e preocupar-se exclusivamente com seus filhos.
(32) A decisão de matar Baleia deixa patente o temperamento agressivo de Fabiano.
(64) A palavra “Mas”, no último parágrafo, antecede uma explicação do conflito entre razão e emoção vivido por sinhá Vitória.
Ela era como uma pessoa da família: brincavam juntos os três, para bem dizer não se diferençavam, rebolavam na areia do rio e no estrume fofo que ia subindo, ameaçava cobrir o chiqueiro das cabras.
Quiseram mexer na taramela e abrir a porta, mas sinha Vitória levou-os para a cama de varas, deitou-os e esforçou-se por tapar-lhes os ouvidos: prendeu a cabeça do mais velho entre as coxas e espalmou as mãos nas orelhas do segundo. Como os pequenos resistissem, aperreou-se e tratou de subjugá-los,resmungando com energia.Ela também tinha o coração pesado, mas resignava-se: naturalmente a decisão de Fabiano era necessária e justa. Pobre da Baleia.[...Na luta que travou para segurar de novo o filho rebelde, zangou-se de verdade.
Safadinho. Atirou um cocorote ao crânio enrolado na coberta vermelha e na saia de ramagens.
Pouco a pouco a cólera diminuiu, e sinha Vitória, embalando as crianças, enjoou-se da cadela achacada, gargarejou muxoxos e nomes feios. Bicho nojento, babão.
Inconveniência deixar cachorro doido solto em casa. Mas compreendia que estava sendo severa demais, achava difícil Baleia endoidecer e lamentava que o marido não houvesse esperado mais um dia para ver se realmente a execução era indispensável.
RAMOS, Graciliano. Vidas secas. 74. ed. Rio de Janeiro: Record, 1998. p. 85-86.
Sobre o fragmento, contextualizado na obra, é correto afirmar:
(01) O primeiro e o segundo parágrafos contêm argumentos que justificam a decisão a ser tomada em relação a Baleia.
(02) Fabiano demonstra cuidados com Baleia, apesar de ser o seu algoz.
(04) O comportamento de sinha Vitória caracteriza-a como a mãe protetora, zelosa do bem-estar de seus filhos.
(08) O poder de decisão do chefe de família no ambiente rural fica evidente no texto.
(16) Sinha Vitória, ao aceitar passivamente a decisão do marido no que se refere a Baleia, demonstra ser indiferente ao animal e preocupar-se exclusivamente com seus filhos.
(32) A decisão de matar Baleia deixa patente o temperamento agressivo de Fabiano.
(64) A palavra “Mas”, no último parágrafo, antecede uma explicação do conflito entre razão e emoção vivido por sinhá Vitória.
RESOLUÇÃO: 01 + 02 + 04 + 08 + 64 = 79
Comentários: os dois primeiros parágrafos apontam para indícios da
doença de baleia, o que justificaria o sacrifício.Já na alternativa
02, a parte destacada em vermelho no 2º parágrafo demonstra a preocupação de
Fabiano com Baleia. A número 04 está correta, pois podemos observar no 4º
parágrafo a atitude de mãe protetora de sinha Vitória. Em relação ao número 08,
o texto evidencia Fabiano como chefe da família quando decide sacrificar a cadela.
A alternativa 16 é falsa porque sinha Vitória demonstra compaixão por Baleia,
como pode ser visto no parágrafo 04. A alternativa 32 também é falsa, pois o
texto não demonstra agressividade por parte de Fabiano.
(FUVEST) Aponte a alternativa correta em relação a Gil Vicente:a)(X)Compôs peças de caráter sacro e satírico.(esta é a firmação verdadeira pois estas são as principais características do teatro de Gil Vicente)
b)(
)Representa
o melhor do teatro clássico português. (
seu teatro não era clássico)
c)( )Só escreveu peças e português. (ele escreveu também peças em outras línguas)
d)( )Escreveu a novela Amadis de Gaula.( Amadis de Gaula é uma novela espanhola e seu autor é outro)
e)( )Introduziu a lírica trovadoresca em Portugal.(ele introduziu o teatro satírico e não a lírica trovadoresca)
c)( )Só escreveu peças e português. (ele escreveu também peças em outras línguas)
d)( )Escreveu a novela Amadis de Gaula.( Amadis de Gaula é uma novela espanhola e seu autor é outro)
e)( )Introduziu a lírica trovadoresca em Portugal.(ele introduziu o teatro satírico e não a lírica trovadoresca)
1-(UFL) Todas as alternativas apresentam informações sobre Dom Casmurro, de Machado de Assis, exceto:
(A) A questão do adultério, tratada de forma ambígua pelo autor,
permanece em aberto no fim da narrativa. De
fato, em nenhum momento é afirmado com certeza que houve ou que não houve a
traição. Cabe ao leitor interpretar.
(B) O narrador, através do exercício da memória, busca ligar o
presente ao passado, a velhice à adolescência. No início da narrativa, Bentinho ou “Dom Casmurro” já
está na velhice e começa a narrar sua vida desde a adolescência.
(C) O narrador protagonista, ao assumir a primeira pessoa, apresenta
uma visão tendenciosa dos acontecimentos. Isso
ocorre por ser ele o próprio narrador, narrando sua história com sua opinião.
(D) O autor, introduzindo-se na narrativa, fornece ao leitor
informações que contradizem as opiniões do narrador. O autor não se introduz na
narrativa.
(E) A narrativa, marcada pela ironia, mantém uma relação intersexual
com a tragédia Otelo, de Shakespeare.
Ambas possuem o ciúme como tema fundamental.
“Supõe
tu um campo de batatas e duas tribos famintas. As batatas apenas chegam para
alimentar uma das tribos, que assim adquire forças para transpor a montanha e
ir à outra vertente, onde há batatas em abundância; mas, se as duas tribos
dividem em paz as batatas do campo, não chegam a nutrir-se suficientemente e
morrem de inanição. A paz, nesse caso, é a destruição; a guerra é a
conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe os despojos. Daí a
alegria da vitória, os hinos, aclamações, recompensas públicas e todos os
demais efeitos das ações bélicas. Se a guerra não fosse isso, tais
demonstrações não chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem só
comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de
que nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido,
ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas.”
(ASSIS,
Joaquim Maria Machado de. Quincas Borba. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1997. p.
648-649.)
Com
base nas palavras de Quincas Borba, considere as afirmativas a seguir:
I.
As duas tribos existem separadamente uma da outra. (É exatamente por isso que
haverá uma disputa, na qual apenas uma tribo irá vencer para nutrir-se com as
batatas e assim sobreviver).
II.
A necessidade de alimentação determina os termos do relacionamento entre as
duas tribos. (São duas tribos famintas, mas as batatas dão apenas para uma das
tribos sobreviver).
III.
O relacionamento entre as duas tribos pode ser amistoso: “dividem entre si as
batatas” ou competitivo: “uma das tribos extermina a outra”. (As tribos possuem
essa escolha. No entanto, o objetivo de ambas é a sobrevivência, e para isso,
terá que haver uma competição).
IV.
O campo de batatas determina a vitória ou a derrota de cada uma das tribos. (Não
é o campo de batatas que irá determinar a vitória. O que irá determinar a
vitória é o resultado da guerra).
Estão
corretas apenas as afirmativas:
a) I e IV.
b) II e III.
c) III e IV.
d) I, II e III. e) I, II e IV.
Ponho-me a escrever teu nome
com letras de macarrão.
No prato, a sopa esfria, cheia de escamas
E debruçados na mesa todos contemplam
esse romântico trabalho.
Desgraçadamente falta uma letra,
uma letra somente
para acabar teu nome!
- Está sonhando? Olhe que a sopa esfria!
Eu estava sonhando...
E há em todas as consciências um cartaz amarelo:
Neste país é proibido sonhar.
04. (PUCCAMP) Destacam-se neste poema características marcantes do Drummond modernista. São elas:
a) A tendência metafísica, o discurso sentencioso e o humor sutil.
b) A memória familiar, o canto elegíaco e a linguagem fragmentado,
c) A exposição da timidez pessoal, a fala amargurada e a recuperação da forma fixa.
d) A preocupação de cunho social, o pessimismo e a desintegração do verso.
e) O isolamento da personalidade lírica, a ironia e o estilo prosaico.
A alternativa “a” pode ser desconsiderada, pois, o poema não possui caráter sentencioso, ou seja, caráter de sentença, e sim caráter amoroso.
O poema não traz memórias familiares, como nos poemas Infância; Família e Sesta; e sim, Drummond inscreve o sentimento amoroso no convívio cotidiano, o que nos faz descartar a alternativa “b”.
Percebemos durante a leitura deste poema, que o eu lírico não apresenta timidez pessoal ao se expor as demais pessoas que estão ao seu redor, no trecho no qual entra em diálogo com outra pessoa, percebemos ainda,que o poema não acontece a forma fixa, uma vez que não há rimas nem métrica, o que nos faz descartar a opção “c”.
A alternativa “d” pode ser descartada, pois, neste poema Drummond não demonstra preocupações de cunho social, assim, não constrói poemas em que contempla a mudança dos tempos, o progresso chegando e invadindo a antiga paisagem, como ocorre em "A rua diferente" ou "Sobrevivente".
Assim, a alternativa correta é a “e”, pois, linguagem coloquial dos versos livres apresenta com humor o lirismo encarnado na cena cotidiana, durante uma prosaica refeição, o eu lírico sonha com a mulher amada, enquanto tudo ao seu redor contribui para a proibição deste espírito "sentimental".
JOSÉ
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio - e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?
Com relação ao texto acima, de Carlos Drummond de Andrade, responda as seguintes questões de vestibulares da PUCCAMP-SP:
- José teria, segundo o poeta, possibilidades de alterar seu destino. Essas possibilidades estão sugeridas:
- Na 5ª e 6ª estrofes. A 6ª estrofe não condiz com a pergunta.
- Na 1ª, 2ª e 3ª estrofes. Essas estrofes apenas falam dos problemas de José.
- Na 3ª, 4ª e 6ª estrofes. Somente a 4ª estrofe se aproxima da pergunta, pois guia para uma suposta resolução do problema.
- Na 4ª e 5ª estrofes. A 4ª estrofe aponta o problema (exe.: “quer abrir a porta, não existe porta”) e a 5ª estrofe sugere diversas possibilidades para José.
- Nenhuma das alternativas. Como foi visto, as possibilidades encontram-se na 4ª e 5ª estrofes, é apenas uma questão de interpretação.
- Das possibilidades sugeridas pelo poeta para que José mudasse seu destino, a mais extremada está contida no verso:
- “se você tocasse a valsa vienense”. É apenas um sentido figurado utilizado pelo autor.
- “se você morresse”. É a mais extremada, pois seria a última possibilidade de mudança de destino para José, caso as outras não dessem certo.
- “José, para onde?” Esse verso representa mudança de lugar e não de destino.
- “quer ir para Minas”. Novamente, representa lugar.
- Nenhuma das alternativas. O verso “se você morresse” é uma possibilidade extremada, e como diz a pergunta, o autor sugeriu possibilidades, então não teria como essa alternativa ser verdadeira.
- Para o poeta, José só não é:
- Alguém realizado e atuante. Em nenhum momento o poeta trata José como alguém realizado e atuante no presente, ele apenas o fora no passado.
- Um solitário. O verso “está sem mulher” representa a solidão de José.
- Um joão-ninguém frustrado. O verso “e tudo acabou” representa a frustração por todas as coisas consideradas boas na vida de José terem acabado.
- Alguém sem objetivo e desesperançado. Um exemplo da desesperança pode ser visto nesses versos: “quer morrer no mar, mas o mar secou”.
- Nenhuma das alternativas.
- José é um abandonado. Essa ideia está bem traduzida:
- Na 4ª estrofe. Essa estrofe representa a frustração.
- Na 5ª estrofe. Essa estrofe contém sugestões para que José mude seu destino.
- No 12°, 13° e 14° versos da 2ª estrofe e nos sete primeiros versos da 6ª estrofe. Está correta, porque em todos esses versos percebe-se o abandono. Por exemplo: “e tudo acabou”, “sozinho no escuro”.
- No 8° e 9° versos da 1ª estrofe. Esses versos mostram que José é um poeta que no momento possui uma vida frustrada, mas não mencionam abandono.
- Nenhuma das alternativas.
5) "A noite esfriou" é um verso repetido. Com isso, o poeta deseja:
a) Deixar bem claro que José foi abandonado porque fazia frio. O poeta jamais mencionou isso.
b) Traduzir a ideia de que José sentiu frio porque anoiteceu. Não menciona que José sentia frio.
c) Exprimir que, após o término da festa, a temperatura caíra. No texto, a festa é um sentido figurado, que nesse caso representa os tempos de glória. Muitos textos são escritos com sentido figurado, o que exige a maior concentração do leitor para captar o que o poeta quis dizer.
d) Intensificar o sentimento de abandono, tornando-o um sofrimento quase físico. “a noite esfriou” pode ter várias traduções; uma delas é que José dormirá sozinho.
e) Nenhuma das alternativas.
6) O verso que exprime concisamente que José é "ninguém" é:
a) "você faz versos" Mostra que José é poeta.
b) "a festa acabou" Representa o fim da glória e da fartura.
c) "você que é sem nome" José não é muito conhecido.
d) "que zomba dos outros" Não condiz com a pergunta.
e) Nenhuma das alternativas. Nenhum verso trata José como “ninguém”.
7) O verso que expressa essencialmente a ideia de um José sem norte é:
a) "José, para onde?" Mostra que José, além de ser solitário, não tem mais um lugar seu pra viver.
b) "sozinho no escuro" Representa a solidão.
c) "mas você não morre" Representa a força de José em meio às dificuldades.
d) "E tudo fugiu" Novamente, representa a solidão.
e) Nenhuma das alternativas.
8) Assinale a alternativa falsa a respeito do texto:
a) José é alguém bem individualizado e a ele o poeta se dirige com afetividade. Pode-se dizer que o poeta dirige-se a ele com pena.
b) O ritmo dos sete primeiro versos da 5ª estrofe é dançante.
c) "Sem teogonia" significa "sem deuses", "sem credo", "sem religião".
d) Os versos são redondilha menor porque tal ritmo se ajusta perfeitamente à intimidade, singeleza e espontaneidade das ideias.
e) Nenhuma das alternativas.
Com base no fragmento
da música "Estação Derradeira" de Chico Buarque, comente sobre quais os
elementos do cotidiano dos morros cariocas que são reforçados pelo autor.
Civilização de
encruzilhada
Cada ribanceira é uma
nação
À sua maneira
Com ladrão
Lavadeiras, honra,
tradição
Fronteiras, munição
pesada."
(Chico Buarque)
Em cada verso encontramos uma determinada
característica dos morros cariocas. "Rios de ladeira, Civilização de
encruzilhada" trazendo a imagem real de como é
estruturada o perímetro urbano nos morros cariocas, cheios de encruzilhadas,
ruas irregulares. "Cada ribanceira é uma nação", demonstrando a força de cada
comunidade (morro), com sua bandeira, suas causas, patriotismo que foi sempre
defendido tanto no futebol como em
escolas de samba.
"À sua maneira,
Com ladrão" o se relaciona com o ultimo verso "Fronteiras, munição
pesada" caracterizando a problemática situação precária da falta de
segurança etc.
Além de
"Lavadeiras, honra, tradição" de um povo que trabalha, luta pela
sobrevivência. Em suma, o autor registra aspectos peculiares da população que
vive nos morros cariocas.
Leia o texto a seguir.
– Por que se demorou tanto na casa de banho?
– Demorei, eu? Despachei-me enquanto o diabo esfregava o
olho!
– Esteve a cortar a unhas, eu bem escutei. [...]
– Diga-se de paisagem, Constança: eu estava me bonitando
para si.
– Para mim?
(COUTO, Mia. O outro pé da sereia. São Paulo: Companhia das
Letras, 2006. p. 229.)
O trecho em negrito revela
a) início da ação, uma vez que aponta para o estado da
personagem, expresso pelo verbo “estava”.( esta alternativa é falsa pois
“estava” revela a ação que o personagem sujeitava-se)
b) continuidade da ação, pois apresenta um evento
prolongado, expresso pela palavra “bonitando”.(esta alternativa é
verdadeira pois a palavra “bonitando” expressa a continuidade da ação)
c) momento da ação, já que ela é posterior ao momento da
fala, revelado pelo discurso direto.(falsa pois a ação é continuada)
d) simultaneidade de ações, pois, enquanto fala com
Constança, a personagem vai se “bonitando”.( falsa pois a ação já havia sido
começada anteriormente)
e) anterioridade de ações, visto que a personagem se dirige a
Constança antes de se bonitar.( falsa pois novamente retoma a ideia de que a
ação já havia sido começada)
(UNIFESP/SP)
(...) Como não ter Deus?!
Com Deus existindo, tudo dá esperança: sempre um milagre é possível, o mundo se
resolve. Mas, se não tem Deus, há-de a gente perdidos no vai-vem, e a vida é
burra. É o aberto perigo das grandes e pequenas horas, não se podendo facilitar
– é todos contra os acasos. Tendo Deus, é menos grave se descuidar um
pouquinho, pois, no fim dá certo. Mas, se não tem Deus, então, a gente não tem
licença de coisa nenhuma! Porque existe dor. E a vida do homem está presa
encantoada – erra rumo, dá em aleijões como esses, dos meninos sem pernas e
braços. (...) (Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas.)
O texto de Guimarães
Rosa mostra uma forma peculiar de escrita, denunciada pelos recursos linguísticos
empregados pelo escritor. Dentre as características do texto, está:
(A) o
emprego da linguagem culta, na voz do narrador, e o da linguagem regional, na
voz da personagem; Nesse
trecho não há uma distinção entre narrador e personagem.
(B) a recriação da fala regional
no vocabulário, na sintaxe e na melodia da frase; Há o dialeto sertanejo em algumas expressões desse trecho.
(C) o
emprego da linguagem regional predominantemente no campo do vocabulário; No vocabulário não predomina a linguagem regional. Nessa parte predomina a linguagem culta. O regionalismo ocorre apenas na melodia.
(D) a
apresentação da língua do sertão fiel à fala do sertanejo; Trata-se apenas de uma recriação da fala do sertanejo, e não de uma apresentação fiel.
(E) o uso da
linguagem culta, sem regionalismos, mas com novas construções sintáticas e
rítmicas. Como já foi visto, há tanto o regionalismo como a linguagem culta.
(ESPM) Leia o texto:
“O senhor... Mire
veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão
sempre iguais, ainda não foram terminadas — mas que elas vão sempre mudando.
Afinam ou desafinam. Verdade maior. É o que a vida me ensinou. Isso que me
alegra, montão. E, outra coisa: o diabo, é às brutas; mas Deus é traiçoeiro!
Ah, uma beleza de traiçoeiro — dá gosto! A força dele, quando quer — moço! —me
dá o medo pavor! Deus vem vindo: ninguém não vê. Ele faz é na lei do mansinho —
assim é o milagre. E Deus ataca bonito, se divertindo, se economiza.” (Grande
Sertão: Veredas, Guimarães Rosa)
Marque a afirmação que
NÃO corresponde:
(A) trata-se
de uma narrativa oral, perceptível pelo uso de vocativos como “senhor” e
“moço”. Linhas 1 e 5.
(B) Deus age
sutilmente (“lei do mansinho”), enquanto o diabo o faz de maneira escancarada
(“às brutas”) Como Deus e o diabo são conhecidos como opostos, se o trecho afirma que Deus age pela "lei do mansinho", logo o diabo é o escancarado.
(C) na vida,
tudo flui incessantemente, nada é estático: “as pessoas não estão sempre
iguais, ainda não foram terminadas”. Essa ideia é ainda mais firme na parte:"elas vão sempre mudando".
(D) o
milagre resulta do inesperado, do modo contido (“se economiza”), e não do
espalhafatoso. No texto, Deus é quem faz milagres e o faz de modo contido, já o diabo é o espalhafatoso.
(E) o
termo “traiçoeiro” atribuído a Deus possui um sentido pejorativo, depreciativo.
No sentido desse trecho, o termo
“traiçoeiro” pode ser interpretado como um elogio no dialeto sertanejo, e não como um termo pejorativo.